quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

FERREIRA PINTO NO CENTRO CULTURAL DA CÂMARA MUNICIPAL DE PONTA DELGADA

TEMPO NO TEMPO

"TRANSCENDENDO O ESPAÇO E O TEMPO"

Texto da Dra. Carmo Rodeia, publicado no jornal Açoriano Oriental, de 15 de Janeiro de 2010

"Em diálogo com o espaço e o tempo"

A mais recente exposição de Ferreira Pinto propõe-nos uma nova Luz que nos permite compreender uma cosmogonia emergente

Após “Tempo no tempo”, Ferreira Pinto, um dos nomes incontornáveis das artes plásticas açorianas, volta a expor em Ponta Delgada com o trabalho “Transcendendo o espaço e o tempo”.
Trata-se de uma exposição que nos propõe uma nova leitura cósmica, para além da atlântida, sempre revisitada ao longo da sua obra.
“Estes quadros são fruto da redenção e da esperança”, desenhando “novos caminhos” entre a “nova terra e os novos céus”, adianta Teresa Tomé no texto que integra o catálogo da exposição que a partir de hoje pode ser vista no Centro Municipal de Cultura, em Ponta Delgada.
Através deles o artista apresenta uma nova esperança, trilhando novos caminhos dessa nova cosmogonia onde se vislumbram novos desafios e uma nova etapa no relacionamento do homem com a natureza.
Partindo da ideia de que tudo está em mudança e que essa é a única certeza da nova realidade, Ferreira Pinto transcende-se. Na obra, e na ordem.
Menos pessimista e propondo um novo entendimento para essa nova ordem, este trabalho de Ferreira Pinto aponta para uma nova paz alcançada na relação entre a criação e o criador. Com uma serenidade que ultrapassa em muito outros trabalhos do autor.
“Transcendendo o espaço e o tempo”, quer pelo traço quer pelas formas e cores, apresenta-nos uma nova “luz”, embora voltemos a encontrar neste trabalho um desassossego permanente e constante na busca de explicações para aquilo que muitas vezes não pode ser explicado.
Com uma implacável originalidade, transversal em todos os seus trabalhos, Ferreira Pinto transforma, uma vez mais, a pintura num acto de universalismo autêntico e sem apologias de qualquer espécie, a não ser as suas dúvidas e inquietações para as quais procura respostas.
O movimento e a vida sempre presentes na pintura do autor, nascido em Luanda, aponta-nos para a chegada de um novo tempo, de mudança efectiva, onde a luz “é mais cristalina”, numa comovida declaração de amor à origem de tudo.
No centro desta exposição estamos no domínio “dos astros deuses que semeiam o firmamento e aqui tudo parece possível - o mapa dos céus desenhado, as estradas apenas condensadas nos símbolos que ainda falta desvendar”, remata Teresa Tomé, que não esconde o gosto pelo belo e pelo inesperado, a cada passo que damos nesta exposição, contactando com cada uma das 21 telas de Ferreira Pinto.
“Transcendendo o tempo e o espaço” acaba por nos propor uma cura para algumas das nossas inquietações, criadas e resolvidas pelo próprio pintor , “ a caminho de um astral mais puro”.
Com esta exposição, a mais recente do artista plástico, ascendemos a uma comunicação com o altíssimo.
Mais uma vez Ferreira Pinto, tal como Tabuchi, elege um “hino” aos Açores, numa comovida declaração de amor pela vida. Nas ilhas!


Dra. Carmo Rodeia

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